sexta-feira, 1 de julho de 2016

O albatroz azul


Antes de começar a falar deste excelente livro, quero deixar bem claro que se você não curte o estilo literário brasileiro, muito provavelmente não vai gostar do albatroz azul. O livro, ao contrário das séries mais famosas atualmente, não tem um personagem heroico nem um momento de clímax onde a garotinha indefesa é resgatada ou a bruxa má é morta.
                O livro é uma narrativa simples e bem prazerosa, fácil de ler. Não é a toa que João Ubaldo tornou-se o mestre que é. A história é narrada contando a vida de Tertuliano, o personagem que move toda a história. Como ele mesmo se descreve,  é um velho cansado, já no fim da vida, que apenas espera a morte chegar.
                No entanto, esperava que sua vida não lhe preparasse mais nada. Apenas esperaria a morte, eis que então sua filha Belinha, já mãe de muitos filhos, iria ter mais um. Belinha até então só havia tido filhas, e essa gravidez, segundo a maioria do povo, não reservaria surpresas. Tertuliano, alertado pela voz que não sabia de onde vinha, sabia que dessa vez não seria mais uma mulher e sim um neto.
                A partir desse momento, o livro ganha a narrativa sedosa de Ubaldo, que por entre as linhas conta a história do dia-a-dia das pessoas. O modo como Tertuliano, mesmo contrariando o que todos dizem, prepara com capricho o nome e as roupas do menino, que nascerá.
                Há nesse meio a história da família de Tertuliano e de  suas escolhas, que mudaram totalmente o rumo de sua vida. Como ele abdicou de tornar-se rico em Portugal e viver no Brasil.
                Confesso que esperava um pouco mais do final, como o desenrolar da história do menino. Mas mesmo assim, o final foi teve um quê de enigmático. Pedras falantes e marujos holandeses e o próprio Tertuliano deixam no ar a sensação de que a vida não termina com a morte.


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