Antes de começar a falar deste excelente livro, quero deixar
bem claro que se você não curte o estilo literário brasileiro, muito
provavelmente não vai gostar do albatroz azul. O livro, ao contrário das séries
mais famosas atualmente, não tem um personagem heroico nem um momento de clímax
onde a garotinha indefesa é resgatada ou a bruxa má é morta.
O livro
é uma narrativa simples e bem prazerosa, fácil de ler. Não é a toa que João
Ubaldo tornou-se o mestre que é. A história é narrada contando a vida de
Tertuliano, o personagem que move toda a história. Como ele mesmo se
descreve, é um velho cansado, já no fim
da vida, que apenas espera a morte chegar.
No
entanto, esperava que sua vida não lhe preparasse mais nada. Apenas esperaria a
morte, eis que então sua filha Belinha, já mãe de muitos filhos, iria ter mais
um. Belinha até então só havia tido filhas, e essa gravidez, segundo a maioria
do povo, não reservaria surpresas. Tertuliano, alertado pela voz que não sabia
de onde vinha, sabia que dessa vez não seria mais uma mulher e sim um neto.
A
partir desse momento, o livro ganha a narrativa sedosa de Ubaldo, que por entre
as linhas conta a história do dia-a-dia das pessoas. O modo como Tertuliano,
mesmo contrariando o que todos dizem, prepara com capricho o nome e as roupas
do menino, que nascerá.
Há
nesse meio a história da família de Tertuliano e de suas escolhas, que mudaram totalmente o rumo
de sua vida. Como ele abdicou de tornar-se rico em Portugal e viver no Brasil.
Confesso
que esperava um pouco mais do final, como o desenrolar da história do menino.
Mas mesmo assim, o final foi teve um quê de enigmático. Pedras falantes e
marujos holandeses e o próprio Tertuliano deixam no ar a sensação de que a vida
não termina com a morte.
Livraria Cultura
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